Fotografia: Rui CunhaFotografia: António CunhaFotografia: António CunhaFotografia: António Cunha


Identificação do Monumento:

Castelo de S. Jorge

Localização:

Lisboa, Portugal

Data de construção do monumento:

Séc. II a.D.-XIV p.D. (VIII AH)

Período / Dinastia:

Romano, Islâmico, Medieval

Historial:

Estrutura defensiva que protegia, ao menos parcialmente, a cidade fortificada ou “oppidum” romano de “Olisipo”, elevada a Município romano em 48 a.D.

A Cidadela Islâmica e a “Cerca Moura” foram refeitas no século IV AH / X AD. A Cidadela permaneceu substancialmente intacta até 1265 quando Afonso III se instalou em Lisboa e nela fez algumas obras de manutenção. O “Paço Real do Castelo” que lhe sucedeu, iniciou um processo de decadência no século XVI que durou três séculos. O Castelo de S. Jorge no seu todo sofreu profundas transformações desde o século XIV até à nossa época, com relevo para os trabalhos de restauro do chamado “Castelejo” desenvolvidos a partir de 1938 até ao presente que não eliminaram contudo a sua matriz islâmica.

Descrição:

Castelo de S. Jorge é a denominação actual de um conjunto urbano que compreende o Castelo propriamente dito (o chamado castelejo), a Cidadela envolvente e a Esplanada, um sistema militar de época medieval inteiramente rodeado de muralhas defensivas que coroa a chamada Colina do Castelo e se alarga ao “Núcleo Histórico” da Cidade de Lisboa através da denominada “Cerca Moura”. Na Carta a Osberno que relata a conquista de Lisboa pelos cruzados em 542 AH / 1147 AD o autor relata que o Castelo “está no alto de um monte arredondado” e que “as muralhas, descendo em lanços, chegam até às margens do Tejo”.

O Castelo ocupa o canto NO do complexo fortificado da Cidadela. É uma estrutura defensiva autónoma de planta sub-quadrangular, constituída por duas praças de armas contíguas, comunicantes entre si, divididas a meio por um muro acoplado a uma torre central.

Além do “Castelejo” a Cidadela compreende dois outros espaços: aquele que hoje é ocupado pelo bairro de S. Cruz e a chamada “Esplanada”. O Bairro de S. Cruz está envolvido a norte, leste e sul, pela muralha da Cidadela. Nos muros orientais estão embebidas seis torres, nem todas actualmente visíveis, e na face sul dois torreões semicirculares (aparentemente de tipo califal) sobre o chamado “Chão da Feira”. De realçar a existência a norte de uma velha porta, originalmente islâmica, a Porta do Moniz que dá entrada para a chamada “Praça Nova” onde a arqueologia descobriu recentemente um bairro islâmico nas traseiras de uma mesquita militar transformada pelos cristãos em Igreja de S. Cruz.

A Esplanada, a sul do “Castelejo”, mostra vestígios da primitiva Alcáçova Islâmica e do “Paço Real do Castelo” que lhe sucedeu. É hoje ocupada por um “jardim arqueológico” onde coexistem vestígios monumentais do Paço e elementos arquitectónicos trazidos de outros locais da Cidade de Lisboa. Na Alcáçova mourisca residia o governador islâmico e localizava-se a administração da “Kura” ou Província de Lisboa, um secretariado para a correspondência com Córdova, os serviços fiscais e de recrutamento militar.

A Cerca Moura é uma extensão do Castelo. Possui ainda sete lanços de muralha visíveis publicamente e treze torres ou torreões. Em alguns dos seus panos de muralha, nomeadamente na muralha de suporte da capela de S. Luzia às Portas do Sol, há vestígios de trabalho islâmico; aí a reconstrução do muro foi feita parcialmente com silhares rectangulares postos de topo e de través ao modo califal. Estão em uso ou são espacialmente identificáveis ainda hoje algumas das portas da Cerca referidas por viajantes de época islâmica: a Porta do Ferro, junto da actual Igreja de Santo António, a Porta de Alfofa (ou do Postigo) aberta no muro ocidental junto ao Castelo, a Porta do Mar, junto ao Tejo, denominada hoje Arco Escuro da Rua dos Bacalhoeiros, a porta de “Al Hama”, ou dos banhos, dando acesso ao antigo bairro suburbano de Alfama, a porta do Almocávar, ou do Cemitério, no actual Largo das Portas do Sol junto ao miradouro de Santa Luzia.

View Short Description

Castelo de S. Jorge é a denominação actual de um conjunto urbano que compreende o castelo propriamente dito (o chamado castelejo), a cidadela envolvente e a esplanada, um sistema militar de época medieval inteiramente rodeado de muralhas defensivas que coroa a chamada Colina do Castelo. Este sistema de protecção alarga-se ao “Núcleo Histórico” da cidade de Lisboa através da denominada “Cerca Moura”.
Vestígios da fortificação islâmica são identificáveis no muro oriental da cidadela (junto à Igreja do Menino Deus) e na muralha de suporte da capela de Sta. Luzia, às Portas do Sol.

Como foi estabelecida a datação:

A Cerca Moura foi levantada provavelmente no século IV, em época tardo-romana, coincidindo com o desmantelamento do Teatro Romano e privatização da via romana implantada nos claustros da Sé, mas o exame da “Cerca” mostra que ela foi reconstruída em época islâmica e é na actualidade, ao menos parcialmente, “Moura”, como decorre do que foi dito acima.



A datação foi efectuada a partir da comparação de elementos estilísticos e arquitectónicos, bem como através da utilização de plantas antigas que permitem confirmar o traçado do amuralhamento.

Bibliografia seleccionada:

Araújo, N. Inventário de Lisboa, Lisboa, 1944.

Silva, V. A Cerca Moura de Lisboa, Lisboa, 1939.

Silva V. “O Castelo de S. Jorge”, Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 25-26, Lisboa, 1961.

Coelho, A. B. “O Domínio Germânico e Muçulmano”, Livro de Lisboa, Lisboa, 1994, pp. 75-88.

Gaspar, A. “Resultados Preliminares das Escavações arqueológicas no Castelo de S. Jorge”, Arqueologia Medieval, 7, Porto, 2001, pp. 95-102.

Citation:

José Luís de Matos "Castelo de S. Jorge" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2024. 2024. https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=monument;ISL;pt;Mon01;3;pt

Autoria da ficha: José Luís De Matos

Número interno MWNF: PT C

RELATED CONTENT

 Artistic Introduction

 Timeline for this item


Download

As PDF (including images) As Word (text only)