Porta do Paço Episcopal
Porta Moçárabe
Coimbra, Portugal
Século XII ?
Moçarabe
Porta dupla em sistema frontal para o atravessamento de uma muralha que deixou de ser visível quando da construção do Paço Episcopal, hoje ocupado pelo Museu Machado de Castro. Os dois arcos em ferradura afrontados são emoldurados por um alfis e sobrepujados por uma sequência de merlões à moda de quinhentos quando esta estrutura foi integrada no próprio Paço Episcopal. Não é de excluir que esta porta tenha pertencido a um amuralhamento que rodeava a cidade alta que, em época islâmica, incluía, a Nascente, uma zona militar, e a Poente uma Alcáçova, um palácio com quatro torres de canto, hoje adaptado ao edifício central da Universidade. Virada a Sul há noticia de uma outra porta do mesmo género – também com dois arcos em ferradura enfrentados – que ficou conhecida por uma gravura oitocentista e que se chamava Porta da Genicoca, ou de Ibn Bodron.
Pela forma como está talhada e organizada a silharia e pela maneira como os arcos assentam nas ombreiras sem saimeis, tudo nos leva a crer ser obra posterior à conquista da cidade pelas tropas feudais cristãs, em 1064. Esta aparente incongruência entre uma obra que formalmente se aproxima do que então era feito no sul Almóada e a nova ordem imposta pelos conquistadores, pode ser explicada pela presença de uma forte comunidade moçárabe que, nos primeiros anos consegue impor os seus ritos e os seus gostos. É curioso notar que, nas imediações, numa das paredes da Sé Velha, erguida também no século XII, uma inscrição em árabe reza o seguinte: “Escrevi isto como recordação permanente do meu sofrimento. A minha mão perecerá um dia, mas a grandeza ficará”. Além da velha comunidade moçárabe da região, é indubitável que, mesmo após a instalação dos novos poderes, inúmeros canteiros mouriscos ou mudéjares, nela permaneceram, trabalhando nas obras da cidade e também certamente na chamada Porta Moçárabe ou Porta do Paço Episcopal.
Porta dupla em sistema frontal para o atravessamento de uma muralha que deixou de ser visível quando da construção do Paço Episcopal, hoje ocupado pelo Museu Machado de Castro. Os dois arcos em ferradura são emoldurados por um alfiz e sobrepujados por merlões à moda do séc. XVI, quando esta estrutura foi integrada no Paço. É possível que esta porta tenha pertencido a um amuralhamento que rodeava a cidade alta.
O talhe, a organização da silharia e a forma como os arcos assentam nas ombreiras, sem saiméis, leva que a obra é posterior à conquista da cidade pelas tropas feudais cristãs, em 1064.
Pela forma do arco de porta dupla, pela maneira como estão organizadas as aduelas e pelo tipo de aparelho em silharia.
Marques, A. H. de O., , O Portugal Islâmico, Nova História de Portugal (dir. J. Serrão e A. H. de O. Marques), vol. II, Lisboa, 1993.
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Simões, A. F., , Relíquias da arquitectura romano-bizantina em Portugal e particularmente na cidade de Coimbra, Lisboa, 1870.
Torres, C., O Gharb al ândalus, História de Portugal (dir. J. Mattoso), vol. 1, Lisboa, pp. 363-415.
Cláudio Torres "Porta do Paço Episcopal" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2024. 2024. https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=monument;ISL;pt;Mon01;4;pt
Autoria da ficha: Cláudio Torres
Número interno MWNF: PT E
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