Tigela
Silves, Faro, Portugal
Museu Municipal de Arqueologia de Silves
Câmara Municipal de Silves
Séc. II-III AH / VIII-IX AD
MMAS 00273
Cerâmica de torno rápido com decoração estelar.
Alt. 4,5 cm; diâmetro do bordo 23,6 cm; diâmetro do fundo 16 cm
Omíada
Pátio anexo ao Poço-Cisterna (hoje Museu Municipal de Arqueologia de Silves), Silves.
Peça aberta com corpo de forma circular assente em fundo plano. Tem um bordo de secção semicircular demarcado e ligeiramente introvertido.
Cerâmica de pasta muito clara, quase branca com decoração de cor acastanhada, quase sépia. As superfícies têm aguadas da mesma cor da pasta.
A decoração centra-se no interior da peça com motivo em estrela ou flor que emana de um largo círculo com interior decorado com barra geométrica. Como bordadura deste círculo, pormenores constituídos por pequenos semicírculos, com ponto no centro, intercalando com séries de três raios que apontam para fora e se repetem dezassete vezes.
Também no bordo da taça foi feita decoração listada da mesma cor, em sete conjuntos de pequenos traços de assinalável subtileza.
Este tipo de decoração é frequente no interior de peças congéneres mas também nas paredes exteriores de púcaros. Foi observada decoração muito próxima em cerâmicas de Vilamoura (Loulé, Algarve) e em cerâmica exumada no Castelo de Silves.
Nos trabalhos arqueológicos decorridos em Silves, este tipo de ornamentação não foi encontrada em peças de níveis arqueológicos posteriores ao século X.
Poderá tratar-se de peça de produção autóctone.
Chama a atenção nesta tigela a elegância do motivo geométrico que ocupa o seu interior. O centro é pontuado por uma estrela ou flor que emana de um círculo decorado no interior com barra geométrica. O conjunto remete para padrões tradicionais na região e que são característicos da arte autóctone.
Por contexto arqueológico, estratigrafia e tipologia. A data atribuída (Séc. VIII/IX) é questionada por Cláudio Torres, Campo Arqueológico de Mértola, que afirma tratar-se provavelmente de peça mais tardia, comparativamente com outras provenientes do Gharb al-ândalus.
Depositado após escavação decorrida na década de oitenta do séc. XX.
Escavação decorrida no pátio anexo ao Poço-Cisterna em Silves dirigida por Mário e Rosa Varela Gomes, com o nº de inventário de escavação Q 41/C3-silo 1.
AAVV, Portugal Islâmico: os últimos sinais do Mediterrâneo, Lisboa, 1998, p. 162-163.
Gomes, R. V. Palácio Almóada da Alcáçova de Silves, Lisboa, 2001, p. 54.
Gomes, R. V. Silves (Xelb) – Uma Cidade do Gharb Al-Andalus – Arqueologia e História (séculos VIII- XIII), Lisboa, 1999.
Gomes, R. V. “Silves (Xelb): Uma cidade do Gharb Al-Andalus: A Alcáçova”, Cadernos do IPA, número?, Lisboa, 2004.
Maria da Conceição Amaral "Tigela" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2024. https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=object;ISL;pt;Mus01_B;31;pt
Autoria da ficha: Maria da Conceição Amaral
Número interno MWNF: PT 41