Cruz processional
Lisboa, Portugal
Museu Nacional de Arte Antiga
About Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.
Séc. XIV
MNAA 64 Met
Cobre inciso e dourado.
Alt. 63 cm; larg. 37 cm; peso 1814,2 gr
Mudéjar
Desconhecida.
Cruz flordelisada, com intersecção da haste e dos braços em quadrado, nó esférico achatado e haste tubular de encaixe. A decoração do campo da cruz é formada por uma fita contínua que contorna o perímetro de toda a peça e forma no seu interior losangos e triângulos preenchidos por motivos geométricos e florais. Nos cantos do quadrado onde se inscreve o centro da cruz desenham-se quatro octifóleos. O reverso é igualmente delimitado por uma fita, sendo os braços e a haste, preenchidos por entrelaçados geométricos de inspiração vegetalista. No centro forma-se uma grande circunferência decorada com entrelaçados geométricos, bastante complexos, formando múltiplos centros, que constituem o mais típico elemento islâmico da decoração da cruz. Não só a decoração, como a forte probabilidade de o metal ter sido extraído de uma mina norte-africana, parecem documentar nesta peça um trabalho de artista das comunidades islâmicas peninsulares, cristianizado ou não, mas trabalhando obviamente para os reinos cristãos ibéricos.
Este tipo de cruzes tinha uma dupla função, servindo como cruz de alçar, utilizada em procissões e funerais, mas podia igualmente ser assente em bases e funcionar como elemento do aparelho litúrgico do altar.
A cruz processional, cuja proveniência se desconhece, terá sido fabricada no século VIII AH/XIV AD. Na parte central de um dos lados da cruz destacam-se entrelaçados geométricos, típicos da arte islâmica. A peça terá sido feita por um artista muçulmano trabalhando para um encomendador cristão.
Por razões estilísticas relativas à forma da cruz.
Comprada a um particular em 1878 pela Academia Nacional de Belas-Artes, incorporou o Museu Nacional de Belas-Artes e Arqueologia, criado em 1884 na dependência daquela Academia. Com a criação em 1911 do Museu Nacional de Arte Antiga, este Museu veio a receber o espólio do anterior.
Cordeiro, M. I. G. M., A Arte do Ferro em Portugal, tese do Estado para Conservadores de Museu, texto inédito datilografado, Lisboa, 1962.
Inventário do Museu Nacional de Arte Antiga. Colecção de Metais. Cruzes Processionais – Séculos XII-XVI, Lisboa, 2003.
Portugal Islâmico. Os últimos Sinais do Mediterrâneo, catálogo de exposição, Lisboa, 1998, p. 302.
Joaquim Oliveira Caetano "Cruz processional" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2024. https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=object;ISL;pt;Mus01_C;17;pt
Autoria da ficha: Joaquim Oliveira Caetano
Número interno MWNF: PT 22