Fotografia: Rui Cunha


Identificação do Monumento:

Igreja Matriz

Localização:

Escarigo, Guarda, Portugal

Data de construção do monumento:

Século XVI

Período / Dinastia:

Mudéjar

Descrição:

A igreja matriz de Escarigo, uma pequena aldeia da raia beirã, junto da fronteira com as terras de Castela-a-velha, faz parte de um vasto conjunto de construções vernaculares, que se estendem desde a parte setentrional da Beira Baixa, até ao alto de Trás-os-Montes.

As características fundamentais são o seu atraso em relação ao que se fazia nas regiões mais desenvolvidas de Portugal, quer nas vilas e cidades importantes, quer na zona costeira, apresentando naves únicas dotadas de arcos-diafragma e cabeceira composta por uma só capela, quase sempre de fundo recto, fosse de planta rectangular ou quadrangular.

A iluminação interior é parca, apenas feita por pequenas frestas e, eventualmente, por um óculo colocado na fachada, esta muitas vezes dotada de alta espadana. Além da porta axial, abre-se outra no flanco sul, normalmente dotada de alpendre, e alinhada com um altar lateral dedicado a São Cristóvão. Exteriormente, apresentam contrafortes sem ressaltos, que não atingem o cimo das paredes.

A cobertura é sempre de madeira e a capela-mor, com frequência, dotada de um tecto mudéjar de carpintaria, “com estrelas e rosas”, dourado e com forte policromia.

A igreja matriz de Escarigo é de todas a que conserva o melhor dos tectos mudéjares, na capela-mor, datável do início do século XVI, embora não possamos por de parte que seja dos anos vinte ou trinta. Como dissemos antes, estamos em presença de uma arquitectura muito retardatária.

Ao mesmo núcleo pertencem as igrejas de Leomil, Castelo Bom, Vilar Formoso, Castelo Mendo, Marmeleiro, Vila do touro e Sortelha. Um pouco mais abaixo, fica ainda a igreja matriz de Sortelha, alterada na sua estrutura primitiva, mas ainda com restos do seu tecto de laçaria mudéjar. E limitamo-nos aquelas que ainda conservam restos de tectos, pois há muitas outras com esta tipologia que, eventualmente, também os tiveram, mas onde nada do género resta.

Este núcleo de igrejas raianas construídas com pesados blocos de granito bem aparelhado, com coberturas de influência islâmica – posto que por via indirecta – está intimamente relacionada com o que se praticava do outro lado da fronteira, nas terras de Castela e de Leão, sendo quase certo que foi daí que vieram os mestres que as construíram ou reconstruíram. Alguns elementos, como as largas aduelas dos portais, mostram bem o que acabámos de escrever. Não podemos esquecer que estas pequenas vilas estavam mais próximas e tinham mais contactos com Zamora, Castelo Rodrigo e Léon do que com as principais cidades portuguesas. A mobilidade de artistas e de companhas completas, entre as regiões limítrofes, quer no início do século XVI, quer antes e depois, é algo que foi provado com abundante documentação, nos últimos anos.

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A igreja matriz de Escarigo é de todas as da região beirã a que conserva o melhor dos tectos mudéjares, na capela-mor, datável do início do século XVI. A cobertura é de madeira e a capela-mor dotada de um tecto mudéjar de carpintaria, “com estrelas e rosas”, dourado e com forte policromia.
Este núcleo de igrejas raianas construídas em granito, com coberturas de influência islâmica – ainda que por via indirecta – está relacionada com o que se praticava do outro lado da fronteira, em Castela e em Leão, sendo quase certo que foi daí que vieram os mestres que as construíram ou reconstruíram.

Como foi estabelecida a datação:

Através de análise estilística.

Bibliografia seleccionada:

AAVV, Manuelino – á descoberta da Arte do tempo de D. Manuel I, Lisboa, 2002, p. 212.

DIAS, Pedro, “Arquitectura mudéjar portuguesa: Tentativa de sistematização”, Mare Liberum, nº 8, Lisboa, 1994, p. 81.

Citation:

Pedro Dias "Igreja Matriz" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2024. 2024. https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=monument;ISL;pt;Mon01;21;pt

Autoria da ficha: Pedro Dias

Número interno MWNF: PT AA

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