Fotografia: António CunhaFotografia: António CunhaFotografia: António Cunha


Identificação do Monumento:

Castelo de Salir

Localização:

Salir, Faro, Portugal

Data de construção do monumento:

Séculos VI-VII AH / XII-XIII AD

Período / Dinastia:

Almóada (com vestígios de ocupações anteriores) e posterior

Descrição:

Esta fortificação encontra-se implantada num cabeço da vila de Salir, fazendo parte da actual povoação, situada na zona do Barrocal Algarvio, entre o litoral e a serra que comunica com o Baixo Alentejo.

O recinto amuralhado encontra-se parcialmente destruído e ocultado por casas e quintais desta zona antiga de Salir. Pelos vestígios visíveis pode dizer-se que forma um recinto poligonal, próximo de um hexágono muito irregular, tendo as muralhas uma espessura que se oscila entre 1,8 e os 2 metros.

Porém, do conjunto amuralhado o que melhor se observa são quatro torres, em taipa, todas elas de planta sensivelmente quadrangular. Destaca-se uma – em taipa maciça – implantada numa das zonas de maior inclinação do terreno, que se encontra distanciada do recinto amuralhado e que apresenta traços de revestimento e acabamento na face virada para a muralha; tudo indica que se trata se uma antiga torre albarrã que, entretanto, perdeu a ligação superior que a deveria unir à muralha. Estas e outras torres em taipa ainda conservam traços das bandas pitadas a branco na zona de sobreposição das várias camadas de taipa, o que, visto de longe, poderia sugerir a existência de uma muralha em silharia de grande dimensão.

A muralha é, em grande parte do recinto, numa taipa rica em cal, como acontece frequentemente em fortificações dos séculos VI e VII AH / XII e XIII AD. Porém, trabalhos arqueológicos recentes, puseram em evidência zonas da muralha construídas em blocos de pedra unida com argamassa muito forte – essencialmente junto à referida torre albarrã –, bem como outras zonas onde o aparelho é de uma qualidade mais fraca.

Os trabalhos arqueológicos acima referidos evidenciaram a existência de restos de casas do período almóada que se prolongam para dentro de espaços habitacionais actuais, mas também foram detectados materiais, encontrados em zonas de entulho, que são cronologicamente anteriores. As casas de época almóada organizam-se em torno de pátios, tendo sido encontrados alguns dos compartimentos que o rodeavam, como sejam possíveis alcovas, cozinhas e um forno. Encontraram-se silos para armazenagem de cereais, alguns dos quais transformados depois em lixeiras. Também se detectaram, arqueologicamente, vestígios de destruição causada por intervenção militar, muito provavelmente na sequência da ocupação desta fortificação pelas hostes da Ordem de Santiago.

Os vestígios de época islâmica não se cingem à fortificação. De facto, em redor de Salir têm-se detectado outros vestígios de época islâmica e de fases anteriores: encontrou-se, ainda em 1968, uma inscrição funerária datada do século V / XI e têm sido detectados vários locais de menor dimensão – alcarias – em redor de Salir, em zonas sem um carácter defensivo tão acentuado; a ocupação desses locais parece, em alguns casos, começar ainda antes das fases iniciais do domínio islâmico, atravessando vários séculos até ao domínio almóada – o melhor documentado até ao momento.

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A fortificação encontra-se implantada num cabeço da vila de Salir O recinto amuralhado encontra-se parcialmente destruído e ocultado por casas e quintais desta zona antiga da vila. Pelos vestígios visíveis pode dizer-se que formava um recinto poligonal, próximo de um hexágono muito irregular. Do conjunto amuralhado, datável dos séculos VI-VII H. / XII-XIII d.C., o que melhor se observa são quatro torres, em taipa, todas elas de planta sensivelmente quadrangular. Destaca-se uma, distanciada do recinto amuralhado, e que tudo indica que se trata de uma antiga torre albarrã.

Como foi estabelecida a datação:

Têm sido levadas a cabo escavações sistemáticas no local, desde 1987. As muralhas, pela tipologia da taipa utilizada e pela existência de uma torre albarrã podem datar-se do período almóada, embora não seja de excluir a possibilidade de haver vestígios anteriores. As escavações arqueológicas têm posto em evidência cerâmicas também do século VI / XII, embora na zona envolvente do castelo se tenha encontrado uma lápide do século V / XI.

Bibliografia seleccionada:

Catarino, H., "O castelo de Salir: resultados das escavações dos silos", al-'Uliya, nº 4, Loulé, 1995, pp. 9-30.

Catarino, H., "O Algarve Oriental durante a Ocupação Islâmica - povoamento rural e recintos fortificados", al-'Uliya, nº 6, Loulé, 1997-98, vol. I, pp. 452-517.

Catarino, H., "O castelo de Salir: escavações da campanha de 1998", al-'Uliya, nº 7, Loulé, 1999-2000, pp. 77-128.

Correia, F. B., "Fortificações muçulmanas no Algarve – estado da questão e perspectivas", 4º Congresso do Algarve, vol. I, Silves, 1986, pp. 97-102.

Correia, F. B., "Fortificações muçulmanas em Portugal. Alguns apontamentos", Congreso de Arqueología Medieval Española, vol. II, Madrid, 1987, pp. 501-509.

Citation:

Fernando Branco Correia "Castelo de Salir" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2025. 2025.
https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=monument;ISL;pt;Mon01;22;pt

Autoria da ficha: Fernando Branco Correia

Número interno MWNF: PT BB

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