Cofre da Sé de Braga
Braga, Portugal
Tesouro da Sé de Braga
About Tesouro da Sé de Braga, Braga.
Encomenda de Abd al-Malik, filho de al-Mansur
394 AH / 1004 AD e 398 AH / 1008 AD
s/n
Marfim. Trabalho em baixo relevo.
Altura 20 cm; diâmetro 10 cm
Omíadas de Córdova, período califal
Córdova?
Este pequeno cofre em marfim trabalhado sobre um troço de dente de elefante, mantém a forma cilíndrica que suporta uma tampa em cúpula. Esta última é constituida por um pequeno tambor onde se desenvolve uma inscrição em árabe cúfico e uma calote sobrepujada por uma pequena pega piriforme. A tampa está presa ao corpo do recipiente por uma fina dobradiça de bronze e mantém, no mesmo material, as partes fixas de um fecho em que desapareceu a lingueta.
Toda a superfície desta peça está finamente trabalhada em baixo-relevo, num minucioso trabalho de buril e talhadeira. A composição decorativa desenvolve-se numa sequência de arcos em ferradura que assentam em colunelos com capiteis de folhas de acanto e duas volutas. Sobre cada arco e envolvidos pelo mesmo filete de entalhe encordoado inscrevem-se uma serie de caprídeos e aves. Aliás estas corças e aves do paraíso, ressaltam de quando em vez do emaranhado vegetal que cobre toda a superfície. Sob um dos arcos, dois personagens, finamente escultorados, colhem os frutos de uma árvore, num gesto semelhante a representações da vindima no mundo tardo-antigo. A calote da tampa, toda ela também insculturada, ostenta um sequência de medalhões octogonais onde se inscrevem zoomorfos.
As frases propiciatórias em cúfico inscritas na parte inferior da tampa, emolduradas por duas fiadas de encordoados, indicam que foi encomenda do hajib Abd al-Malik, filho de al-Mansur, o poderoso chefe militar que promoveu várias razias ao Norte da Península em finais do século X. O carácter pacífico das representações tem levado a pensar que possa ter sido feito para algum tipo de comemoração pessoal (um casamento, por exemplo).
Pequeno cofre em marfim encomendado (entre 394 H./ 1004 d.C. e 398 H./ 1008 d.C.) por Abd al-Malik, filho do poderoso al-Mansur. O carácter pacífico das representações (actividades agrícolas, corças e aves do paraíso) leva a pensar que possa ter sido feito para algum tipo de comemoração pessoal.
Através da inscrição.
Por doação ou saque, o cofre foi parar à posse da Sé de Braga em cujo tesouro está encorporado desde a alta Idade Media.
Através do nome do encomendador.
Almeida, C. A. F., Arte islâmica em Portugal, História da Arte em Portugal, vol. 2, Lisboa, 1988, pp. 73, 87-88.
Barroca, Mário, “Cofre”, Nos confins da Idade Média, Lisboa, 1992, p. 93-94.
Gómez-Moreno, M., Arte árabe español hasta los almohades, Ars Hipaniae, III, Madrid, 1951, p. 299.
Cláudio Torres "Cofre da Sé de Braga" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2024.
https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=object;ISL;pt;Mus01_C;28;pt
Autoria da ficha: Cláudio Torres
Número interno MWNF: PT 38