Placas de arqueta
Moura, Beja, Portugal
Museu Municipal de Moura
About Museu Municipal de Moura, Moura.
Câmara Municipal de Moura
596-629 AH / 1200-1232 AD
s/n
Placas em osso pintadas.
Alt. 6,2 cm; Larg. 12,8 cm
Fase final do período almóada
O local de fabrico destas placas, encontradas no castelo de Moura, pode ter sido a região de Granada.
Placas em osso que serviram de revestimento a uma pequena arca. Da arca, que seria provavelmente em madeira, não nos chegaram quaisquer vestígios. Os dois conjuntos de placas apresentam uma decoração idêntica, finamente pintada e de grande simplicidade.
Parece-nos, por comparação com outras peças conhecidas, um dos exemplares de decoração mais sóbria (podemos mesmo falar de um certo primitivismo), no contexto dos marfins e ossos islâmicos do Mediterrâneo Ocidental.
A figuração é simples: a peça é marcada pela presença central de uma rosácea de laçaria ladeada por duas figuras humanas (numa das faces é apenas visível uma delas). Os círculos das rosáceas eram desenhados a compasso, sendo depois as figuras esboçadas a tinta da china ou com traços de manganés com um pincel, preenchendo-se o resto com pigmentos.
Os antropomorfos são representados em duas dimensões, sem qualquer modelação de luz e sombra, e de forma esquemática: os olhos são dois pequenos círculos, cuja direcção em que olham é dada pela posição relativa da íris face às sobrancelhas. A boca é simbolizada por um único e fino traço.
As figuras da peça de Moura parecem envergar roupagens largas, de tradição oriental - possivelmente o kaftan, longa túnica de seda, veludo ou cetim que se prolongava até aos joelhos ou aos tornozelos, de longas mangas e aberta à frente. A tipologia das figurinhas, de grossas sobrancelhas arqueadas e longo nariz, aponta também para o arquétipo representativo dos homens do Próximo Oriente.
Nos extremos da composição figuram dois conjuntos fitomórficos, que parecem tentar uma representação realista, presente em toda a arte islâmica ocidental e cujo uso generalizado atingiu uma certa convencionalidade que facilita a sua identificação. Longos e flexíveis caules rematados por formas globulares combinam-se, em registos sobrepostos, com flores de lótus envolvidas por palmetas digitadas.
Placas em osso datáveis da fase final da presença islâmica (596-629 AH / 1200-1232 AD). Pensa-se que tenham servido para revestir uma pequena arca em madeira. Os diferentes elementos (humanos, vegetais e geométricos) sugerem um fabrico peninsular, não sendo estranhas ao autor influências orientais.
A atribuição de uma cronologia foi realizada através do estudo comparativo desta peça com exemplares semelhantes oriundos de Espanha, com datações propostas para os séculos VII-VIII AH / XIII-XIV AD. A presença dos elementos antropomorfos (praticamente idênticos aos das peças esgrafitadas de Murcia, da primeira metade do séc. VII AH / XIII AD), e a própria data da reconquista de Moura permitem-nos propôr os inícios do séc. VII AH / XIII AD como datação plausível para o fabrico desta peça.
Escavações arqueológicas no castelo de Moura (1980 ou 1981).
Encontradas in situ.
AAVV, Portugal Islâmico. Os últimos sinais do Mediterrâneo, Lisboa, 1998, p. 103.
Macias, S., “A arqueta pintada de época islâmica do Museu de Moura”, Actas das V Jornadas Arqueológicas (Lisboa, 1993), 2º vol., Lisboa, 1994, pp. 295-298.
Macias, S.,e Torres, C., O legado islâmico em Portugal, Lisboa, 1998, p. 168.
Santiago Macias "Placas de arqueta" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2025.
https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=object;ISL;pt;Mus01_C;30;pt
Autoria da ficha: Santiago Macias
Número interno MWNF: PT 40
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