Castelo de Moura
Moura, Beja, Portugal
Sécs. II-III a VII H. / VIII-IX a XIII AD
Omíadas, primeiras taifas, almorávidas, almóadas
O hisn de Moura situa-se entre as Ribeiras de Brenhas e da Roda, cujos vales domina desde uma cota de mais de 100 metros. Povoado de pequenas dimensões em época islâmica (200 x 120 metros, cerca de 2,4 hectares), a sua cerca defendia uma área intra-muros onde aparentemente não havia qualquer hierarquização de espaços, à semelhança do que se verifica, por exemplo, em Portel, Castro da Cola ou Serpa.
No período islâmico, Moura era considerada por Ibn al-Faradicomo "castelo da kura de Beja", afirmação que demonstra a continuação da dependência de Moura face à antiga sede do convento pacense. Se exceptuarmos essa informação, o sítio é praticamente ignorado por todas as outras fontes escritas.
Outros elementos referentes a Moura confirmam uma persistente ocupação em época islâmica, embora o carácter disperso dos vestígios dificulte a sistematização. Para além da presença de várias torres em taipa, de provável cronologia almóada, dois dados adquirem especial interesse: por uma lado, a notícia da construção de um minarete em meados do século XI, mandado erigir por al-Mutadid, aparentemente em simbólica atitude de apropriação do sítio e numa altura em que a povoação foi incluída na taifa abádida; por outro, a referência à existência, na tradição oral, de uma salúquia, torre ou parte de fortificação que uma lenda romântica consagraria como o nome da suposta derradeira alcaideça.
Destaca-se a cortina almóada que deve sobrepôr-se a uma anterior fortificação de tipo comunitário e, no interior da fortificação, o castelo de tipo senhorial com a torre de menagem de finais do séc. XI AH / XV AD.
Das muralhas em taipa do século VI / XII que outrora rodearam Moura conserva-se hoje apenas um torreão quadrangular, na área sudeste da fortificação e os restos de um outro, na zona norte. O primeiro apresenta ainda na face principal, virada à Igreja de São João Batista, restos das típicas pinturas a cal imitando grandes silhares. Acompanhando um movimento generalizado de realização de obras militares que se estendeu a todo o Gharb na segunda metade do século VI / XII, o alcácer de Moura parece ter sido sensivelmente fortificado nessa altura, época em que datamos o amuralhamento em taipa que outrora rodeou todo o castelo.
A cidade teve ainda uma extensa mouraria, destruída em grande parte pela construção das muralhas no século XI / XVII. Neste bairro foi resistindo uma população de hortelãos e artesãos de que nos dão testemunho os documentos da Baixa Idade Média.
O castelo de Moura corresponde a um povoado de pequenas dimensões em época islâmica (200 x 120 metros, cerca de 2,4 hectares). A sua cerca defendia uma área intra-muros onde aparentemente não havia qualquer hierarquização de espaços, à semelhança do que se verifica, por exemplo, em Portel, Castro da Cola ou Serpa.
Os elementos mais importantes que se conservam do período islâmico são um torreão quadrangular que apresenta ainda na face principal restos das típicas pinturas a cal imitando grandes silhares e a lápide assinalando a construção de um minarete em meados do século XI.
O elemento principal de datação para a muralha – único elemento claramente identificável – foi o paralelo tipológico com outras muralhas em taipa existentes no Gharb al-Andalus. A cronologia destas é contemporânea das campanhas de obras do período almóada realizadas em toda a região na segunda metade do século VI AH / XII AD.
Macias, S., “Moura na Baixa Idade Média: elementos históricos e arqueológicos”, Arqueologia Medieval, nº 2, Porto, 1993, pp. 127-157.
Santiago Macias "Castelo de Moura" in "Discover Islamic Art", Museum With No Frontiers, 2024. 2024. https://islamicart.museumwnf.org/database_item.php?id=monument;ISL;pt;Mon01;27;pt
Autoria da ficha: Santiago Macias
Número interno MWNF: PT GG
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